Los discursos sobre familia construidos en los circuitos institucionales de protección y asistencia para los niños, niñas y adolescentes pobres en Brasilia (Brasil) y en Cali (Colombia) se sitúan en un campo de conflictos ideológicos en torno a lo que es y a lo que debe ser la familia, en tanto espacio de producción y conservación de vínculos sociales que permitan asegurar la garantía de los derechos ciudadanos de la infancia y la adolescencia. Este artículo se ubica en este campo conflictivo, teniendo como ámbito de análisis los discursos de algunos sujetos institucionales que hacen parte del circuito de intervención: técnicos universitarios, agentes comunitarios y niños, niñas y adolescentes institucionalizados. Si bien emergen en estos discursos signos que configuran a la familia dentro de una perspectiva democrática, se parte del principio de realidad que la envuelve, es decir, su diversidad en la forma de sus filiaciones; todavía es categórica la defensa de su "biologización" y "nuclearización", lo cual define las formas en que estas representaciones de la familia se vinculan a las prácticas tutelares, con profundos efectos simbólicos (sociales y morales) en la vida de los niños, niñas y adolescentes institucionalizados en las diversas modalidades de protección y asistencia. Así construyen su infancia y su adolescencia, sitiados, entre otras cosas, por estas valoraciones casi míticas -pero tan modernas- de la familia consanguínea y nuclear, sin tener posibilidades de salir de la circularidad perversa de la protección y asistencia estatal, que no genera vínculos postinstitucionales dentro de una lógica de derechos ciudadanos.
Discourses on the family in the international circuit of protection and assistance institutions for poor boys, girls and adolescents in Brasilia (Brazil), and Cali (Colombia), are developed in a field of ideological conflict on how the family is and how it should be as a space where social relations that guarantee citizenship rights to children and adolescents are produced and preserved. This paper is placed in this controversial field, and analyzes the discourses of some persons from institutions that belong to this intervention circuit: university technicians, community agents and institutionalized boys, girls and adolescents. Although these discourses show signs of placing the family in a democratic perspective, the point of departure is the reality of the diversity of its composition; its biological and nuclear character is still defended, and this defines the way in which these representations of the family are related to protection practices that have profound (social and moral) symbolic effects on the life of institutionalized boys, girls and adolescents. Thus they so construe their childhood and their adolescence, imprisoned, among other things, in these almost mythical, and yet so modern, values, of a consanguineous and nuclear family, even though they cannot leave the perverse circularity of State protection and assistance that does nothing to generate post-institutional relatios within a logic of citizenship rights.
Os discursos sobre família construídos nos circuitos institucionais de proteção e assistência para crianças e adolescentes pobres em Brasília (Brasil) e em Cali (Colômbia), situam-se num campo de conflitualidades ideológicas em torno do que é e deve ser a família, em tanto espaço de produção e conservação de vínculos sociais que permitam segurar a garantia dos direitos cidadãos da infância e da adolescência. Este artigo situa-se nesse campo conflitivo, tendo como âmbito de análise os discursos de alguns sujeitos institucionais que pertencem ao circuito de intervenção -técnicos universitários, agentes comunitários, crianças e adolescentes institucionalizadas-. Embora, emergem nesses discursos signos que configuram a família dentro de uma perspectiva democrática, com base no princípio de realidade que a circunda, quer dizer, a sua diversidade nas formas de filiação, ainda torna-se categórica a defesa da sua "biologização" e "nuclearização", que define as maneiras em que estas representações da família se vinculam nas práticas tutelares, com profundos efeitos simbólicos (sociais e morais) na vida das crianças e adolescentes, institucionalizados nas diversas modalidades de proteção e assistência. Assim sendo, constroem a sua infância e adolescência, sitiados entre outras coisas, por essas valorizações quase míticas, mas tão modernas da família consangüínea e nuclear, sem ter possibilidades de sair da circularidade perversa da proteção e assistência estatal, a qual não gera vínculos pós-institucionais dentro de uma lógica de direitos cidadãos.